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O mercado brasileiro de cosméticos e higiene pessoal passou praticamente incólume pela crise financeira e está revendo suas projeções de faturamento para 2009. O setor deve fechar o ano com uma receita da ordem de R$ 24 bilhões, um crescimento de 11% sobre 2008. "O setor refez as projeções iniciais, que era encerrar 2009 com um crescimento de 5% na receita. Em muitos aspectos, a crise até ajuda o setor de beleza", diz Luciane Beltran, diretora da Beauty Fair, uma das maiores feiras de negócios do setor no mundo, que termina nesta terça-feira, 1, em São Paulo e deve atrair mais de 100 mil visitantes.
Segundo Luciane, o desempenho do setor se mostrou favorável em meio às turbulências porque as vendas de cosméticos não estão atreladas a crédito, e sim à renda disponível das famílias. "Como houve um incremento de renda, especialmente na classe C, o que vemos é um crescimento de cerca de 10% ao ano nos últimos anos, descontada a inflação", diz Luciane. A própria Beauty Fair reflete esse movimento do mercado. Em 2005, em sua primeira edição, o evento atraiu 100 expositores e ocupou uma área de 14 mil metros quadrados. Este ano, foram 350 expositores e 76 mil m2 de área.
A pujança desse mercado já chama a atenção de companhias que, até pouco tempo atrás, sequer cogitavam atender o segmento de beleza. É o caso da Mondial, fabricante de eletroportáteis como ventiladores, liquidificadores e cafeteiras que está entrando no segmento de cuidados pessoais. A empresa está lançando oito produtos, entre secadores de cabelo e pranchas, e tem planos de conquistar 15% desse mercado em um ano. "O mercado brasileiro de eletroportáteis cresce por volta de 6% ao ano, enquanto o segmento de cuidados pessoais cresce o dobro disso", diz Giovanni Cardoso, diretor comercial e de marketing da Mondial. O executivo tem planos agressivos para o mercado de secadores de cabelo e pranchas, onde, segundo ele, as multinacionais ainda têm dificuldades de ganhar terreno.
"O cabelo da brasileira tem particularidades que as gigantes do setor ainda não compreenderam bem. Ele é mais espesso e volumoso do que o das americanas, asiáticas e europeias, por isso necessita de tecnologia especial", diz Cardoso, que espera conquistar uma fatia de 25% do mercado dentro de três anos. Para isso, vai contar com a presença da Mondial em 11 mil pontos de venda em todo o País. "Sem dúvida essa capilaridade é uma vantagem competitiva", diz Cardoso. O mercado de eletroportáteis é estimado em 33 milhões de unidades/ano, e a linha de cuidados pessoais já representam um terço desse volume.
A concorrência não vai ficar parada. A brasileira Taiff, que lidera o mercado de eletroportáteis para cuidados pessoais, aproveitou a feira de beleza para fazer vários lançamentos tecnológicos. Entre eles, um secador de cabelos feito com plástico biodegradável, fruto de uma parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). "As matérias-primas, como milho e sementes de girassol, conferem as mesmas características do plástico proveniente do petróleo, como a resistência ao calor, mas com menos impacto ambiental", diz Nilton Santos, engenheiro responsável pelos projetos de inovação da Taiff. A empresa também está lançando no mercado secadores com silenciador de ruídos e também uma chapa-escova.
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